Ao contrário do que muitos podem imaginar, Jinga de Angola não foi uma líder passiva ou subjugada pelos portugueses
O seu reinado, longe de ser marcado por submissão, foi um período de luta intensa contra a colonização. Diferente de um governo frágil, ela comandou os reinos de Matamba e Ndongo com astúcia e estratégia, utilizando tanto a guerra quanto a diplomacia para proteger sua terra e seu povo.
Em vez de aceitar a imposição portuguesa, Jinga resistiu. O reino de Ndongo, longe de ser um território disperso, era centralizado e possuía um sistema político organizado, no qual os sobas desempenhavam papel fundamental ao prestar tributo ao Ngola em troca de proteção. Ao contrário da ideia de que os portugueses estabeleceram o comércio, Ndongo já possuía uma ampla rede comercial consolidada, aproveitada posteriormente pelos colonizadores.
Enquanto a tradição europeia poderia sugerir a subordinação das mulheres, Jinga contrariou essa expectativa. Ao invés de ser uma figura marginal, ela foi a primeira mulher a governar Ndongo, rompendo padrões e liderando seu povo de forma firme e decidida. Sua participação na diplomacia com os portugueses não foi um sinal de fraqueza, mas sim de inteligência política: ela negociou em termos favoráveis ao seu reino e recusou submeter-se a uma vassalagem imposta.
Se a presença portuguesa poderia ser vista como uma força intransponível, Jinga provou o contrário ao enfrentar os colonizadores por décadas, recorrendo a alianças, estratégias militares e ao uso das práticas culturais e religiosas de seu povo. Sua conversão ao cristianismo, muitas vezes interpretada como submissão, foi, na verdade, um movimento tático para obter vantagens políticas.
Assim, em vez de se render à imposição europeia, Jinga se tornou um símbolo de resistência, forjando um legado de luta e autonomia para os povos da África Central. Seu reinado não foi de decadência, mas de resiliência. O contrário de um líder derrotado, Jinga marcou a história como uma soberana destemida, cuja influência ecoa até os dias atuais.
Lindu Mona afirma seu compromisso com os direitos da população negra e afro-descendente, defendendo um ambiente de justiça, inclusão e respeito à diversidade religiosa, onde a liberdade de crença é parte essencial da celebração da identidade e da cultura.