a conhecerem mais da viagem que os Africanos têm feito a partir do século XV até agora. Apesar de recorrentes evocações aos africanos na toponímica da cidade a verdade é que muito pouco é hoje conhecido àcerca da chegada e vivência em Lisboa de centenas de milhares de escravos a partir DAQUELE sécULO.
Imperdível esta iniciativa de Naky àcerca da influência africana na construção do Império e, especificamente, na cidade de Lisboa. Apesar de recorrentes evocações aos africanos na toponímica da cidade a verdade é que muito pouco é hoje conhecido àcerca da chegada e vivência em Lisboa de centenas de milhares de escravos a partir do séc. XV. Mais conhecido, mais ainda mais nebuloso, é o conhecimento geral do papel dos portugueses na expansão da escravatura africana, com o transbordo sistemático e massivo de milhões de seres humanos através do Atlântico. A permanência destas pessoas em Portugal, a maioria das quais em Lisboa e no Alentejo, não seria tão inumana como no Brasil e nas Américas, mas a grande maioria vivia em regime de escravatura e era forçadamente convertida ao catolicismo. Apesar de o tempo ter apagado muitas destas memórias, a importância da influência genética africana na população Portuguesa (especialmente no sul; no norte impera a influência de outro povo maldito: os judeus) continua presente de forma imperceptível.
A questão da escravatura é um tema invisível em Portugal e quando é abordado é-o geralmente como um porta estandarte que agita águas lamacentas. Com Naki este assunto é abordado de uma forma serena e desapaixonada. Sob a sua orientação vamos calcorreando a cidade e evocando episódios históricos e personagens negras que raramente chegam à luz da ribalta. Nem todos os brancos são vilões, nem todos os negros são vítimas. Como sempre a história é parda e Naki vai recordando figuras passadas e as suas histórias esquecidas pela História.
A visita é feita sem pressas, favorecendo o diálogo com os presentes. A última paragem é uma excelente refeição num restaurante cabo-verdiano no centro de Lisboa. Tem havido poucos Portugueses nestas visitas, demasiado poucos. A visita não convida ao arrependimento mas sim à reflexão e, acima de tudo, a resgatar do esquecimento o papel importante, mesmo que involuntário, destas pessoas na construção de Portugal. Obrigado Naki